Dora Kramer
A impressão inicial de que o
ministro Antonio Palocci certamente teria uma boa e elucidativa explicação para
o espetáculo do crescimento de seu patrimônio se dissipa a cada nova
justificativa que nada justifica.
Depois de dois dias de silêncio,
o Palácio do Planalto começou a municiar os partidos no Congresso com
argumentos típicos de quem está muito mais interessado em se desviar do assunto
do que em esclarecê-lo de vez.
São basicamente dois. O primeiro
chegou cedo ao plenário do Senado na tarde de terça-feira, dando conta da
impossibilidade de Palocci revelar a clientela da consultoria Projeto, por meio
da qual teria conseguido amealhar bens no valor de pouco mais de R$ 7 milhões
em quatro anos. Estaria impedido por causa da cláusula de confidencialidade dos
contratos.
De onde, concluíram os líderes
partidários governistas, estaria encerrada a questão.
Impossível: se os contratos são
confidenciais é de se supor que não sejam conhecidos por ninguém além dos
signatários. Nem pelos líderes partidários escalados para a defesa de Palocci.
Portanto, a afirmação peremptória de que os negócios da consultoria foram todos
com a iniciativa privada carece de confiabilidade.
E esse ponto é fundamental, pois
naquele período Antonio Palocci era deputado federal e estava proibido pela
Constituição de relações comerciais com empresas de direito público.
O segundo argumento chegou ao
Congresso um pouco mais tarde, por e-mail enviado da Casa Civil, alegando que o
ministro fez o que todo mundo faz: assim como “pelo menos 273 deputados e
senadores da atual legislatura”, tinha sociedade numa empresa que lhe permitiu
obter outros ganhos além dos salários de parlamentar, estes no valor total de
R$ 974 mil no período referido, entre 2006 e 2010.
Para reforçar a explicação, a
nota citava Maílson da Nóbrega, Pedro Malan, Persio Arida e André Lara Resende,
como exemplos de integrantes de governos (no caso, José Sarney e Fernando
Henrique Cardoso) que se tornaram “consultores de prestígio, profissionais de
grande valor no mercado”.
Nada mais diferente do caso de
Palocci que as situações usadas como exemplos de que são perfeitamente iguais.
Deixemos de lado o aspecto da
notória especialização dos citados em suas áreas muito antes de terem qualquer
cargo em governo e o fato de Palocci ser médico por formação, político por
vocação e ter se tornado consultor – não se sabe exatamente do que, pois não se
revela a natureza das consultorias – pela contingência de ter sido ministro da
Fazenda.
Nenhum deles voltou a ocupar
cargo público, nenhum deles acumulou mandato parlamentar com as atividades nos
respectivos ramos, nenhum deles se viu na circunstância em que se encontra
agora o ministro da Casa Civil.
O fato é um só: a pessoa mais
importante no governo depois da presidente Dilma Rousseff teve uma evolução de
patrimônio grande em período relativamente curto e isso precisa ser explicado.
Ou então estaremos aceitando a
existência no Brasil de uma nomenclatura que, ao molde das ditaduras, está
acima de tudo e de todos, não devendo satisfações a quem quer que seja. Dando
aos assuntos não encaminhamento normativo exigido no Estado de Direito, mas
aquele ditado por seus interesses como se a sociedade simplesmente não
existisse.
Pessoa incomum. Em meio ao
escândalo da quebra do sigilo bancário de Francenildo Costa, o governo alegou
que o caseiro da casa de lobby frequentada pelo então ministro da Fazenda,
Antonio Palocci, estava sendo investigado pelo Conselho de Controle de
Atividades Financeiras (Coaf) em função de “movimentação atípica” na conta
corrente da Caixa Econômica Federal.
Tratava-se de um depósito de R$
24.990, feito pelo pai do caseiro.
O mesmo Coaf, porém, ao que se
saiba, não considerou atípicos os movimentos nas contas de Palocci no período
(2006-2010) em que ocorreu o enriquecimento do então deputado dublê de
consultor.
Fonte:
http://www.exercito.gov.br/web/imprensa/resenha;jsessionid=ED6CDFD70AA168AED7BFBD9F726DBB90.lr1?p_p_id=arquivonoticias_WAR_arquivonoticiasportlet_INSTANCE_UL0d&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-3&p_p_col_count=1&_arquivonoticias_WAR_arquivonoticiasportlet_INSTANCE_UL0d_journalArticleId=640233&_arquivonoticias_WAR_arquivonoticiasportlet_INSTANCE_UL0d_ano=2011&_arquivonoticias_WAR_arquivonoticiasportlet_INSTANCE_UL0d_mes=5&_arquivonoticias_WAR_arquivonoticiasportlet_INSTANCE_UL0d_dia=19&_arquivonoticias_WAR_arquivonoticiasportlet_INSTANCE_UL0d_struts.portlet.action=%2Fview%2Farquivo!viewJournalArticle&_arquivonoticias_WAR_arquivonoticiasportlet_INSTANCE_UL0d_struts.portlet.mode=view
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http://www.exercito.gov.br/web/guest/o-exercito
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